domingo, 20 de dezembro de 2009

O Vale do Vinhedos é tudo de bom...

Já vi que esta estória de manter um blog atualizado não é nada fácil... Após quase um mês, enfim a segunda postagem! O tema eleito: Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves/RS, ou melhor, vinhos, como o próprio lugar sugere. Vou escrever um pouquinho sobre um final de semana bem legal que passamos por lá há duas semanas atrás, para realizar um Curso de Degustação de Vinhos na Escola do Vinho da Vinícola Miolo. O Vale dos Vinhedos está localizado entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, a 120 quilômetros de Porto Alegre. É um lugar belíssimo, com forte potencial turístico e cheio de boas vinícolas, que além de varejo e degustação, oferecem aos visitantes passeios guiados pelas unidades de produção e armazenamento dos vinhos e espumantes (www.valedosvinhedos.com.br). A Miolo nasceu em Bento Gonçalves e é hoje uma das maiores vinícolas da região. A Miolo Wine Group apresenta nove unidades de negócios, entre elas três internacionais (Chile, Argentina,Espanha).

Esta foi uma viagem organizada sem pressa... Há muito tempo queríamos fazer este curso lá na Vinícola, mas um dos condicionantes era ficarmos instalados no próprio Vale dos Vinhedos. No Vale não existem muitas opções de hotéis e há tempos eu “namorava” a Pousada Borguetto Sant’Anna (www.borghettosantanna.com.br). Como a pousada possui poucas suítes, para combinar acomodação, data do curso e a nossa agenda não foi fácil, resultado: participamos da última edição do ano.
Os sinais de que o final de semana seria bem sucedido começaram na véspera... Após um período terrível de chuvas aqui pelo sul, a previsão era de sol e acreditem, baixas temperaturas em pleno dezembro! Dia 05 de dezembro amanheceu gelado e ensolarado e muito cedo pegamos a estrada em direção a Bento Gonçalves, pois o curso começava às 08h:30min. A estrada até lá é tranquilíssima e está em boas condições. Chegamos na hora, esperamos os atrasados uns minutos e logo começou a função.
Após a apresentação, começamos o tour pela vinícola: tanques de inox, maquinário para recepção e processamento das uvas, caves, armazenamento... Todo processo foi minuciosamente descrito pelo Arley, enólogo que ministrou o curso. 
Conhecer o processo de fabricação e armazenamento dos vinhos é uma peculiaridade de muitas vinícolas da serra. Eu particularmente já tinha visitado o Vale e outras vinícolas, mas no contexto de um curso, esta foi uma visita ampliada, bem interessante para quem gosta de saber o que há por trás dos vinhos que consumimos.

Após a visitação, tivemos uma palestra bem legal sobre história do vinho e análise sensorial com o Alberto Miele, pesquisador da Embrapa e profundo conhecedor do assunto. Passamos enfim para parte mais esperada, a degustação de vinhos, ou melhor – análise sensorial dos vinhos. 13 rótulos da Miolo Wine Groups foram analisados, entre brancos, rosé, espumantes e tintos: Fortaleza do Seival Viognier 2008, Reserva Chardonnay 2009, Miolo Seleção Rosé 2008, espumante Millésime 2006, Terranova Moscatel 2008, Gamay 2009, Terranova Shirraz 2008, Gran Lovara 2006, Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005, RAR 2005, Los Nevados Malbec 2007, DO Cabernet Franc 2004, Señorio Del Cid 2001. Fizemos a análise visual, olfativa e gustativa de todos os rótulos (ou quase todos, porque nos últimos... digamos que os sentidos estavam um pouco alterados).

Para mim os “eleitos” foram dois:
O Fortaleza do Seival Viognier 2008 porque não sou muito dos brancos e este é muito saboroso e aromático, frutado (citrus/tropical) com um toque floral – continua não sendo muito minha praia, mas para os dias mais quentes... Serviria com uma entrada leve, fria, a base de camarão talvez.
Dos tintos o Gran Lovara 2006 foi o destaque em minha opinião. Um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat com taninos redondos e bem equilibrados, cor vermelho rubi, aroma de cereja e baunilha, carvalho muito pronunciado.
Encerrados os módulos “didáticos”, no meio da tarde seguimos para o almoço e confraternização na Osteria Mamma Miolo. A Osteria é um restaurante instalado em uma casa centenária da família Miolo que conserva a rusticidade da época em que foi construída (paredes de pedra e piso de chão batido). O almoço típico italiano foi providencial, pois estávamos famintos (e um tanto alcoolizados...). Generosamente “regado” a Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005 e a boas conversas, foi o fechamento perfeito do curso.
Para encerrar, demos uma passadinha no varejo da Miolo para usufruir do nosso desconto de 20%. Além da vista maravilhosa do Vale dos Vinhedos o detalhe da foto abaixo é a alegria do Rodrigo, meu marido, saindo da Miolo de carrinho, rsrsrs.

Sem condições para prolongar o programa fomos para a pousada... Um casal de amigos nos acompanhou nesta empreitada e para não dizer que dispensamos a brisa noturna do Vale, ainda fizemos uma sessão bread & wine na pousada à noite.

O Rodrigo escolheu a suíte Rocca da pousada e apesar de ficar um pouco desconfortável com a pedra gigante que existia dentro do quarto fui solidária... A suíte é uma graça, a vista é realmente maravilhosa (como todo o Vale), mas que fique claro que o fotógrafo do site da pousada é muito bom... Gostei da pousada, mas as expectativas eram altas e me frustrei. Achei a relação custo/benefício média. Frustrações a parte, dormimos muito bem e acordar com o ar da serra é tudo de bom...




Acordamos sem pressa, discutimos a programação da manhã mais sem pressa ainda...




Pegamos a estrada. A vinícola eleita para visitação (... e prejuízo) foi a Marco Luigi. Tivemos a sorte de sermos recepcionados pelo Don Vitor Valduga, dono da vinícola, uma figura – segundo ele é muito difícil encontrá-lo lá, pois está sempre em cima do trator. Conhecemos o processo de produção e a cave, instalada junto a um paredão de pedra, muito legal. Mais degustação, compras... O destaque foi o espumante Brut Reserva, corte de Chardonay, Pinot Noir e Merlot – bem interessante.
Lá se foi a manhã... Almoçamos no Sbórnea’s, no próprio Vale. Típico italiano, rodízio de massas e galeto, muito bom. Os guris tomaram um Pizzato Merlot 2005, desse fiquei de fora, pois fui eleita a motorista do casal na volta.
Voltamos pela estrada que passa pelos Caminhos de Pedra, um projeto de resgate da cultura local, onde casas centenárias (a maioria de pedra) foram adaptadas e transformadas em varejo de produtos produzidos na região. Visitamos a Casa da Ovelha, a Casa do Tomate e a Casa da Massa... Mais uma comprinhas e enfim chegamos à RS 122, rumo a Porto Alegre.
Apreciação global do final de semana (como se diz ao fim da análise sensorial de um vinho): excelente!! O Vale dos Vinhedos é um ponto de passagem obrigatório para quem vem ao sul, pelas paisagens, pela hospitalidade e especialmente pela atmosfera enogastronômica que envolve o lugar. É tudo de bom...
Nas minhas próximas postagens pretendo falar um pouco mais de análise sensorial, de roda de aromas, etc... Andei pesquisando umas coisas bem legais. Também vou dar umas dicas de vinhos que eu gostei, condicionadas não somente pela qualidade, mas também pela relação custo/benefício que muito me interessa. Mas sem pressa...



2 comentários:

  1. Ainda ferei um tour assim. Adoro vinho. Bebida importante na minha vida. Tomei meu primeiro aos cinco anos de idade, oferecido por meu tio-avô que era vinicultor na Itália.

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  2. Recomendo este passeio Paulo! A época da colheita se aproxima e esta é uma época boa pra visitar o vale. As parreiras estão carregadas e o vale fica com perfume de uva! A paisagem é ainda mais bonita!

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